Funcionalidade do Pé
O
pé possui funções importantes como suportar o peso e servir como alavanca para
impulsionar o corpo. A construção do pé com vários ossos e articulações,
permite a adaptação do pé aos tipos de superfícies, além de aumentar sua ação
propulsora.
O esqueleto do pé é formado
pelos ossos tarsais, metatarsais e falanges. Quase todos os ossos se unem por
articulações sinoviais, conferindo mobilidade necessária para se adaptar a
forças longitudinais aplicadas sobre o pé e, se moldar aos diferentes tipos de
superfícies durante a marcha.
Os ossos do tarso (do grego – tarso
= superfície plana) a palavra era usada para uma série de estruturas
planas. Hipócrates usava a expressão “tarsos podos” = planta do pé.
Galeno utilizou o termo para o esqueleto, envolvendo apenas os ossos
cuneiformes e cuboide como parte do tarso. São ossos pares e curtos,
totalizando sete ossos em cada pé.
O tálus (do latim – tálus =
tornozelo, dado de jogar), articula-se, proximalmente, com a face inferior da
tíbia e, as porções articulares dos maléolos (lateral e medial – faces
articulares), constituindo a articulação talocrural (tornozelo). O tálus repousa
sobre o calcâneo. É dividido em três principais porções: tróclea (face
articular para o tornozelo), colo (região estreita) e a cabeça (porção que se
articula com o navicular).
O calcâneo (do latim – calx
= calcanhar), utilizado por Celso para designar o osso calcâneo. É o maior
osso do tarso. Recebe toda a carga proveniente do corpo. Articula-se com os
ossos: tálus, navicular e cuboide. Recebe a inserção do músculo tríceps sural
(tendão do calcâneo, denominado antigamente como tendão de “Aquiles”).
Osso cuboide( do grego – kúbus
= cubo, oides = forma de) articula-se com o calcâneo, navicular e
com a base do IVº e Vº metatarsais.
Osso navicular (do latim – navícula
= diminutivo de navio) articula-se com a cabeça do tálus, cuboide e os três
cuneiformes.
Ossos metatarsais (do grego –
meta = depois)são em número de cinco ossos, numerados de medial para
lateral (desta forma, o Iº está no hálux). São ossos longos e podemos
identificar três regiões: base, corpo e cabeça. As bases dos ossos metatarsais
se articulam com os ossos tarsais. A base do Iº metatarso se articula com o
cuneiforme medial, a base do IIº metatarso se articula com o cuneiforme
intermédio, a base do IIIº metatarso se articula com o cuneiforme lateral e, as
bases do IVº e Vº metatarsais se articulam co m o osso cuboide (nessa descrição
não estamos levando em consideração a articulação entre as bases dos ossos
metatarsais e, por motivos didáticos também não descrevemos detalhadamente as
articulações entre base dos metatarsos (IIº e IIIº com os ossos cuneiformes).
As cabeças dos ossos metatarsais se articulam com a base das falanges
proximais, constituindo a articulação metatarsofalangiana. Comumente, na cabeça
dos Iº metatarsos estão localizados dois ossos supranumerários, os ossos
sesamoides lateral e medial. Em alguns casos a tuberosidade do Vº metatarsal
pode desenvolver-se separado, imerso no tendão do músculo fibular longo,
formando um osso sesamoide, denominado de osso de Vesalius.
As falanges (do grego – phalanx
= tropa de soldados). A phalanx era uma formação de infantaria grega
em fileiras. Aristóteles utilizou o termo para os ossos dos dedos, devido sua
disposição em fileiras. São em número de 14 falanges em cada pé formando o
esqueleto dos dedos, divididas em proximais, médias e distais, com exceção no
hálux (formado pelas falanges proximal e distal). As falanges possuem uma base
(articulada com o osso metatarsal correspondente), um corpo e uma tróclea
(articula-se com a base da próxima falange correspondente). As articulações
entre as falanges são denominadas de articulações interfalangianas (proximal e
distal, exceto no hálux).
Divisão Clínica do Esqueleto do Pé
Clinicamente o pé é dividido em três
porções: retro pé, médio pé e ante pé.
O retro pé:
formado pelos ossos tálus e calcâneo. A articulação entre o tálus e calcâneo é
denominada de articulação subtalar (articulação de Choupart).
O médio pé : formado pelos ossos
navicular, cuboide e cuneiformes medial, intermédio e lateral. A
principal articulação é entre os ossos navicular (do médio pé) com o tálus e
calcâneo (retro pé), denominada de articulação taluscalcâneonavicular (local
onde tem grande mobilidade para os movimentos de inversão e eversão do pé).
O ante pé:
constituído pelos metatarsos e falanges. A articulação entre o médio pé e ante
pé, articulação tarsometatarsal, também é conhecida como articulação de
Lisfranc.
Ciclo da Marcha
A marcha é definida como maneira ou
estilo de andar. Uma marcha normal se atribui a sua velocidade segura e
confortável disponível, aos padrões patológicos. O padrão da marcha de um
indivíduo inclui a velocidade de locomoção e o número de passos completados por
unidade de tempo, bem como outras característica do padrão.
Durante um ciclo da marcha, um pé
esta ora em contato com o solo (fase de apoio), ora no ar (fase de oscilação).
A duração de cada ciclo começa no momento em que o calcanhar toca o solo até
que o mesmo toque novamente ao solo, como ilustrado na figura 12. A fase de apoio
começa com o contato inicial do pé e termina quando o pé deixa o solo. A fase
de oscilação inicia-se com a impulsão e termina com o calcanhar no solo. Em
marchas comuns a fase de apoio ocupa 60% de um único ciclo e a fase de
oscilação 40%. Um ciclo típico dura de 1 a 2 segundos dependendo da velocidade
da marcha na figura 12 existe um período de suporte duplo, que é quando os dois
pés estão em fase de apoio, a duração desse suporte varia de acordo com a
velocidade da marcha, numa caminhada lente este período é longo, já numa
corrida não ocorre o suporte duplo, podendo em um pequeno período os dois pés
estar fora do solo simultaneamente.
Cada uma das duas fases da marcha
pode ser subdivididas em estágios, por exemplo a fase de apoio é dividida em
subfases, calcanhar-solo, aplainamento do pé, impulso de calcanhar e impulsão.
A fase de oscilação é formada pela subfase de oscilação inicial, oscilação
média e oscilação terminal.
É o ato de deambular, a maneira ou estilo
de andar.
Passada: espaço entre o toque
do calcanhar que inicia o ciclo até o novo toque deste mesmo calcanhar.
Passo: espaço entre o
calcanhar do pé que está à frente e o calcanhar do pé que está atrás.
Fases da Marcha
-Fase de Apoio
Corresponde ao tempo que o membro permanece no chão, corresponde cerca de
60% do ciclo da marcha.
-Fase de Balanceio
Corresponde ao tempo que o membro permanece no ar, corresponde cerca de
40% do ciclo da marcha.
Sub-fases da Marcha.
Fase de Apoio Toque do
calcanhar Fase de contato Apoio Médio Saída do Calcanhar Propulsão
Fase de Balanceio ou de
Oscilação Aceleração Balanceio Médio Desaceleração
Mecanismos determinantes da Marcha:
-Os deslocamentos do tronco.
-Os deslocamentos do membro superior
-Os deslocamentos do membro inferior.
-Os Deslocamentos do centro de gravidade corporal.
Função Muscular durante a Marcha.
A ação
muscular durante a marcha foi estudada através da eletromiografia.
As ações musculares na
marcha humana ocorrem para:
-Frenagem moderada de uma aceleração que poderia ser maior ou de uma
queda que poderia ocorrer.
-Amortecimento dos choques e das vibrações.
-Aceleração dos segmentos.
-Garantia da estabilidade pela tensão viscoelástica em função das
necessidades do momento.
A ação concêntrica na
marcha está presente primariamente na fase de apoio ou primariamente na fase de
balanço. O trabalho positivo (concêntrico) acelera e está presente na
transferência de peso, impulsão e aceleração do membro no início da oscilação.
O trabalho concêntrico nos empurra pra frente. As contrações concêntricas são
utilizadas em breves momentos na marcha normal.
A maior parte das ações
musculares na marcha são isométricas e excêntricas. Elas ocorrem para
equilibrar e desacelerar (controlar) os deslocamentos dos segmentos corporais e
do centro de gravidade corporal. O trabalho negativo (excêntrico) permite a
absorção e armazenamento de energia elástica além de ser mais eficiente em
termos metabólicos. O trabalho isométrico e excêntrico nos mantém em pé.
Tibial Anterior
É ativado de forma
isométrica O maior pico de contração desse músculo é durante a fase de toque do
calcanhar para evitar que o pé caia. Na fase de contato atua de forma
excêntrica durante o aplanamento do pé (resposta de carga). Na passagem para o
apoio médio vai atuar de forma concêntrica ajudando no avanço da tíbia. Na fase
de balanço para evitar que o pé encoste-se ao solo contrai-se isométricamente
para mantê-lo na posição neutra.
Grupo de Panturrilha
São representados pelo
gastrocnêmio e sóleo. Sua atividade começa em pé-plano com uma contração
excêntrica para retardar e controlar o avanço da tíbia sobre o pé em
dorsiflexão até a posição neutra. Na fase de elevação do calcanhar e propulsão
irão atuar de forma concêntrica para elevar o calcanhar do solo e iniciar a
aceleração e a fase de balanço.
Quadríceps
Atuam isométricamente na
fase de toque do calcanhar, já na fase de aplanamento do pé de forma excêntrica
para frear a flexão do joelho. Atuarão de forma concêntrica no final da fase de
balanço estendendo o joelho (desaceleração).
Isquiotibiais.
Começam a trabalhar de
forma isométrica na fase de toque do calcanhar, freando a flexão do quadril
(pelve) e do joelho. Atua ainda na fase de balanço flexionando o joelho na
aceleração até a oscilação média onde começa a controlar o movimento de
extensão do joelho e desacelerando a oscilação final através de ação
excêntrica.
Abdutores
Eles se contraem para
estabilizar a pelve durante o toque do calcanhar e na fase de apoio único.
Adutores
Trabalham
no mesmo momento dos abdutores para estabilizar a pelve durante o toque do
calcanhar e na fase de aceleração flexionando concentricamente o quadril
(coxa).
Fibulares é Fibular Curto e Longo
Possui atividade
semelhante ao gastrocnêmio sóleo com a contração começando na fase de apoio e
indo ao máximo na elevação do calcanhar
Glúteo Máximo
A atividade do glúteo
máximo começa ao toque do calcanhar impedindo a flexão da pelve e continua até
o apoio médio produzindo a extensão desta mesma pelve. Atua primeiramente de
forma isométrica e depois concêntrica.
Músculos do Tronco (Eretores
Espinhais)
Representado pelos músculos
(iliocostais, longuíssimos do tórax e Espinhais) eles mantém uma atividade
constante durante todo o ciclo da marcha com picos de contração no contato
inicial e no apoio médio.
Ciclo da
Marcha
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